Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor. Cantares 2.15
"Então fica combinado assim: eu não condeno o seu pecado; e você não repara no meu!"
Vocês já imaginaram semelhante diálogo ocorrendo dentro da igreja? Felizmente, penso que a ousadia dos crentes não chegou a tanto. Porém, na prática, lamento dizer, em muitos casos, é isto o que está acontecendo! Sim, um acordo silencioso, uma cúmplice tolerância, uma silente aceitação do pecado na vida dos cristãos.
Afinal, quem haveria de chamar a atenção aos pequenos desvios de conduta de uma crente admirável, um diácono dedicado, um presbítero honrado ou um pastor muito amado? Quem seria capaz de sincera e humildemente lembrá-los que são imperfeitos como os demais, apontando-lhes suas falhas?
Vejam bem, a primeira preocupação aqui não é de falar sobre os grandes desvios, aqueles que exigem investigação e severa disciplina eclesiástica, mas sim falar daqueles maus comportamentos, que como raposas, como raposinhas, vão sorrateiramente minando, não apenas os vinhedos apaixonados do livro de Cantares, como também as amizades e as famílias, chegando ao ponto de contaminar igrejas inteiras!
São brincadeiras inocentes que aqui e ali, fazem suas vítimas; pequenos boatos tomados como verdade sem que haja defesa alguma; são "mentirinhas convenientes", além de palavrinhas grosseiras que jamais se contradizem, nem dão mostras de arrependimento, e lágrimas que rolam sem que haja consolo. São divertidas piadas ou esnobe erudição, tomando o lugar da mensagem bíblica transformadora; é a ganância materialista, fazendo-se passar por merecido galardão; é o ativismo social disfarçando o desamor; são palavras de otimismo e auto-promoção ao invés de obediência e auto-negação, e até mesmo alegres louvores, impropriamente, substituindo o arrependimento e a contrição!
E aí, quando olhamos ao redor, já não entendemos o que foi que mudou; já não sabemos como nos distanciamos tanto do ideal cristão. Alguém apressadamente diria, vou mudar de igreja, aqui já não existe amor! E há os que assim procedem, crentes de que os erros são alheios, entretanto, ao saírem, levam também consigo suas próprias raposinhas.
Mas, alguém pode citar as palavras de Jesus em Lucas 6:37 e 41:
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados;
Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?
Todavia, Jesus não estava condenando toda a forma de julgamento, e sim impondo o princípio de não fazer aos outros o que não queremos que nos façam e antes de acusar a outrem, verificar as próprias atitudes, dando sempre condições de perdão ao arrependido!
Deste modo, não estou propondo uma “caça às bruxas”, uma “inquisição sem fogueiras”, ou a re-impressão da “letra escarlate”, de modo algum, nenhum julgamento irresponsável ou desumano!
Estas linhas tampouco visam uma cruzada mundial contra o pecado (o que pode ser também bastante oportuno), mas, sim a limpeza da nossa própria vida, casa e igreja, numa sincera busca de olhar para si mesmo, corrigir-se, e só então chamar pelo outro alertando-o.
Estas linhas tampouco visam uma cruzada mundial contra o pecado (o que pode ser também bastante oportuno), mas, sim a limpeza da nossa própria vida, casa e igreja, numa sincera busca de olhar para si mesmo, corrigir-se, e só então chamar pelo outro alertando-o.
Sei bem os riscos que corre aquele que acorda e vê o perigo, tendo que interromper os sonhos felizes dos incautos, que detestarão ter de despertar. Mas se não fizermos nada para eliminar as malditas raposinhas, isto é, os pequenos vícios de comportamento do povo de Deus, tenhamos certeza de que, cedo ou tarde, Deus o fará! E então o sofrimento do castigo divino sobre a igreja rebelde será muito maior do que aquele que pensamos evitar quando nos calamos!
Peço ao Senhor que esta mensagem, seja como uma trombeta ressoante, e que chegue a tempo aos ouvidos dormentes de muitos irmãos!
Com sinceros e ternos afetos de misericórdia em Cristo,
Pr. Sandro Márcio